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segunda-feira, 18 de abril de 2011

Holocausto em Angola

Por estarmos em período de manifestção pacívica e democrática, vendo também aproximar ao 27 de Maio e vindo à memórias, gostaria que se lembrasem sempre deste dia.

Portanto, sugiro a todos que lessem os seguintes livros:
“Purga em Angola” e “Holocausto em Angola”,

Ambos falam de Angola e da repressão violenta – criminosa ao
ponto do assassinato – que se abateu de forma arbitrária, com
a cumplicidade e o mais alto patrocínio do poderes
constituídos, sobre os cidadãos daquele país, entre 1976 e o
começo dos anos 80.
“Purga em Angola” e “Holocausto em Angola”, com intenções e
vivências diferentes, acabam por nos dar o mesmo retrato, o
retrato de uma barbárie que a Europa experimentou com Hitler
ou Staline e que a China viveu com Mao.
“Purga em Angola” é um livro assinado por uma historiadora,
Dalila Cabrita Mateus, e por um jornalista, Álvaro Mateus. O
seu objectivo é claro: relatar os acontecimentos que tiveram
lugar antes, durante e depois do 27 de Maio de 1977, data do
golpe de Nito Alves que visaria derrubar o ditador Agostinho
Neto da presidência da República Popular de Angola. Como se
compreenderá, mais do que os antecedentes políticos, a purga
– ou seja, o extermínio físico – que se seguiu ao confronto entre
o Poder e os “golpistas” é o palco trágico deste livro.
“Holocausto em Angola” é um livro de memórias. É escrito por
Américo Cardoso Botelho, um português que, de 1977 a 1980,
viveu na carne e testemunhou o banditismo ignóbil que se
instalou nas prisões controladas pelos torcionários da DISA
Não creiam que exagero na adjectivação. Nas prisões que os
dois livros descrevem era norma:
- Arrancar às famílias e brutalizar, sem culpa formada, cidadãos,
fosse pelas suas ideias políticas, fosse para lhes roubar os bens
que possuíam;
- Fazer julgamentos fantoches que envergonham qualquer
ideia de justiça;
- Despir, violentar e violar homens e mulheres;
- Espancar e torturar seres humanos até à loucura;
- Fuzilar cidadãos na calada da noite, sem lhes permitir sequer
um último adeus às famílias;
- Fazer desses fuzilamentos festins de desaustinado deboche
moral
Destes actos repugnantes foram vítimas:
- Angolanos do MPLA que foram acusados de “fraccionismo”;
- Jovens esquerdistas angolanos do MPLA que passaram pelos
CACs e criaram a OCA;
- Militantes e militares angolanos da Unita e da FNLA;
- Sul-africanos do ANC que se recusaram a lutar pelo MPLA
contra os outros movimentos angolanos;
- Portugueses que tinham bens apetecíveis e eram alvos fáceis;
- Estrangeiros que, com ou sem razão aparente, foram
apanhados entre fogos, dos mercenários ingleses a inocentes
cidadãos zairenses, nigerianos, namibianos, são-tomenses,
cabo-verdianos e outros.
Mas, para além das prisões e dos campos de concentração
(ditos de reeducação), estes livros referem:
- Acções militares de genocídio premeditado de populações
angolanas;
- bombardeamentos de aldeias;
- deslocamentos de velhos e crianças de Cabinda para o
famigerado campo de S. Nicolau.
Nestes dois livros, a culpa não morre solteira. Na farsa de
acusação dos “fraccionistas” que conduziria à prisão e tortura,
e no fim da linha ao fuzilamento de muitos deles, participaram,
numa cinicamente intitulada "Comissão das Lágrimas",
intelectuais de esquerda (e podiam ser de direita que iria dar
ao mesmo).
Entre eles, e de acordo com o que se lê na pg. 116 de “Purga em
Angola”:
- Luandino Vieira;
- Pepetela;
- Manuel Rui Monteiro;
- Costa Andrade;
- Diógenes Boavida.
Nas sesões de espacamento e tortura, e de acordo com os
testemunhos de “Holocausto em Angola”, participaram os mais
altos quadros da DISA e mesmo ministros, entre os quais:
- Ludy (Rodrigues João Lopes);
- Onambwé (Henrique Santos);
- Xietu (João Luis Neto).
Angola só poderá fazer o luto, as famílias angolanas só
recuperarão a memória destes mortos de que nunca viram os
cadáveres, com livros como estes que não deixem cair os
crimes na banalidade e silêncio da História. Simão Cacete,
angolano, uma das vítimas e sobrevivente, pede uma Comissão
da Verdade. Porque o caminho da verdade é o único caminho
do perdão e da reconciliação.

Clique !!!
1-Este site é oficial da Associação 27 de Maio
http://27maio.com/

2-Veja a história de Angola mais detalhes
http://pissarro.home.sapo.pt/memorias0.htm#indice